Vale tudo para se ser magra?
A necessidade de afirmação através da magreza é cada vez mais comum nas mulheres de todas as classes sociais e com qualquer nível de escolaridade.
Há muito que investigadores se debruçam sobre o controlo do corpo feminino como forma de afirmação social. O investigador Simon Goldhill afirma no livro "Amor, Sexo e Tragédia - Como o Mundo Antigo Influencia Nossas Vidas" que a Grécia Antiga via uma mulher como "sensual, bela, saudável", mas o seu corpo estava subjugado à regulamentação dos homens, que, por mais que admirassem as curvas femininas, valorizavam a musculatura masculina, exposta em estátuas nuas. A idade contemporânea aparentemente modifica tais valores, já que desde a 2ª Guerra, segundo Goldhill, cada vez mais o corpo feminino é mostrado "num striptease contínuo perante um público voyeur".
As feministas americanas que se insurgiram contra a exposição de mulheres nuas na década de 60 preocuparam-se, 30 anos depois, em denunciar as mudanças que aquelas formas estavam sofrendo. Em "O Mito da Beleza", a americana Naomi Wolf responsabilizava a indústria da beleza, que movimenta milhões em cosméticos e cirurgias plásticas, por aprisionar as mulheres em parâmetros estéticos impossíveis de ser cumpridos. Ao mesmo tempo, advertia para o crescimento de casos de bulimia e anorexia entre as universitárias nos Estados Unidos, que, mesmo magras, diziam querer perder de 3 a 25 quilos.
Uma mulher, disse, referindo-se à ingestão contínua de anfetaminas e medicamentos para queimar calorias: "Sei que vou morrer mais cedo, mas tudo bem. Até lá eu vivo magra."
Chegamos a uma altura em que vale tudo para estar de acordo com os padrões? O que pensa sobre este assunto?