Toranja pode interagir negativamente com medicamentos
O número de fármacos que podem ter graves efeitos adversos devido à sua interação com a toranja está a aumentar. Contudo, muitos médicos poderão ainda não estar conscientes destes efeitos, revela um estudo publicado no “Canadian Medical Association Journal”.
O investigador do Lawson Health Research Institute, no Reino Unido, acrescentou que entre 2008 e 2012 o número de fármacos que interagiu com a toranja e que poderão causar efeitos adversos graves aumentou de 17 para 43, o que representa, em média, uma taxa de aumento de seis fármacos por ano.
O estudo refere que os efeitos adversos incluem morte súbita, insuficiência renal e respiratória, hemorragia gastrointestinal, supressão da medula óssea nos indivíduos imunodeprimidos, toxicidade renal, entre outros.
Os investigadores revelaram que há mais de 85 fármacos que podem interagir com a toranja e 43 podem ter efeitos secundários graves. Outros citrinos como o marmelo ou a lima também têm compostos ativos, as furanocumarinas. Estes compostos causam interação através da inibição irreversível da enzima CYP3A4 que metaboliza os fármacos e que habitualmente desativa os efeitos de cerca de 50% dos medicamentos.
Os fármacos que interagem com estes produtos químicos apresentam três características: são administrados por via oral, têm uma biodisponibilidade baixa a intermédia e são metabolizados no trato gastrointestinal pela enzima CYP3A4.
O estudo refere ainda que para os fármacos com baixa biodisponibilidade, a ingestão de toranja pode ser o equivalente ao consumo de múltiplas doses de fármaco. Esta interação pode ocorrer mesmo que a toranja seja consumida várias horas antes da toma do fármaco.
Os indivíduos com mais de 45 anos são os que habitualmente consomem mais toranjas e o que tomam mais medicamentos, o que, nestes casos, torna a interação bastante provável de ocorrer. Adicionalmente, os adultos podem apresentar uma menor capacidade de tolerar excessivas concentrações sistémicas de fármacos. Desta forma, os idosos são especialmente vulneráveis a estas interações.