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A Nitricionista

16
Set13

Testes de intolerância alimentar: Um diagnóstico útil ou uma mentira bem contada?

Ana Ni Ribeiro

Sobre os testes de intolerância alimentar tão na moda, pode ler-se no comunicado da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica: “Neste contexto os testes supracitados não têm qualquer fundamentação científica, não têm utilidade diagnóstica e a sua realização e interpretação no âmbito clínico podem configurar elementos de má prática, não devendo igualmente receber qualquer tipo de comparticipação pelos sistemas de saúde”.

Mas então porque é que sendo inúteis, estes testes são um sucesso, chegando inclusive a aparecer já em populares sites de descontos?  

Numa época em que as abordagens mais convencionais relativamente à nutrição e perda de peso estão longe de cativar a maioria das pessoas, tudo o que se percepcione como algo diferenciador, ou até como um avanço no diagnóstico, reúne muitas condições para ter sucesso. Se a este facto adicionarmos uma certa desresponsabilização conferida por este tipo de testes - “afinal a culpa de não estar a conseguir emagrecer não era directamente minha, mas sim de certos alimentos que não são os mais indicados para mim” -, temos uma receita vencedora.

No fundo, pode até parecer interessante a ideia de efectuar um teste que em alguns minutos nos indique quais os alimentos que “pior toleramos” de uma lista com 200 a 500 itens. Porventura no momento de pagar o teste ele deixa de ter assim tanto interesse, até porque muito frequentemente nos indica que os alimentos que mais gostamos e mais estamos habituados a comer são justamente aqueles que nos aparecem como mais susceptíveis a desencadear alguma intolerância. Tal tende a acontecer, uma vez que os anticorpos medidos por estes testes (imunoglobulinas G4), são produzidos normalmente pelo nosso sistema imunitário como forma de reconhecimento às proteínas dos alimentos que ingerimos. Ou seja, a nossa exposição repetida a alguns alimentos – aqueles que comemos com mais frequência – faz aumentar estas imunoglobulinas e potencialmente classificar como impróprios os alimentos que mais gostamos.

Ainda assim, estes testes como diagnóstico complementar à abordagem para perda de peso podem ser um importante condicionante do comportamento alimentar se fizerem as pessoas acreditar que de facto não podem comer determinados alimentos, algo que eventualmente não resultaria se fosse feito através de uma abordagem mais convencional. Claro está que o facto de a pessoa estar a pagar para ser enganada não será de todo o procedimento mais ético do mundo, mas este vocábulo parece definitivamente não fazer parte do dicionário de todos os falsos profetas ligados à área da saúde.

Em suma, no que diz respeito a estes testes, poderá uma mentira ter tanto sucesso? Sim, se for bem contada.

 

 

Por Pedro Carvalho, nutricionista, in lifestyle.publico.pt

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